Aos poucos, outras empresas foram se associando ao AERUS: SATA, VASP, TRANSBRASIL... Tudo parecia um céu de brigadeiro e não havia se quer um aeroviário e um aeronauta que não participasse do fundo com pelo menos 1%. Eu era um deles!
Então veio a crise aérea: a TRANSBRASIL faliu. E depois foi a vez da VASP... E a VARIG e a TAM lutavam para se manterem no mercado, mergulhadas em dívidas até o nariz e enfrentando um nova ameaça: a concorrência com a GOL, uma cia aérea enxuta, sem dívidas e com aviões novos e modernos.
Para continuarem operando, TAM e VARIG tiveram que se reestruturarem. Quanto a TAM, eu não sei bem o que ela fez. Agora, quanto a VARIG... Corria um boato pelos corredores da empresa que o AERUS estava desviando o fundo de pensão dos funcionários da VARIG para tapar os buracos financeiros da empresa. Tais boatos partiam dos próprios aposentados da VARIG que estavam sofrendo atrasos com o pagamento da pensão do AERUS, enquanto outros tiveram suas pensões interrompidas. Em contra-partida, os empréstimos para aqueles que ainda trabalhavam na empresa, foram também suspensos, o que aumentou ainda mais o clima de incerteza e insegurança com a instituição que administrava o fundo previdenciário.
Minha prima é sustentada até hoje pelo INSS e briga na justiça por uma indenização de mais de R$100.000 que o AERUS lhe deve por todos os anos de contribuição.
Se o AERUS não tivesse sido corrompido, acredito que ele seria um fundo de pensão independente e forte hoje, que poderia ser sondado por um banco interessado em administrá-lo ou até socorrido pelo governo no momento da falência da VARIG.
A conclusão que aprendi com tudo isso é nunca contratar planos de previdência, de saúde ou de aplicação que pertençam à empresa onde você trabalha. Nos bastidores administrativos, esses planos se transformam numa espécie de caixa 2 e o dinheiro aplicado é desviado para cobrir as despesas e dívidas da empresa em que você trabalha.
Um comentário:
Ótimo texto
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