Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

CONTROLADORES DE VÔOS DENUNCIAM A INSEGURANÇA DE SE VIAJAR NO BRASIL

Fonte: Matéria do site G1 exibida em 11/ABR/2007

As evidências apontadas pelos controladores de vôos é nua e crua: o controle de tráfego aéreo no Brasil está sucateado! Daí, se entende por que um avião em Navegantes não pode decolar de manhã por causa do nevoeiro, enquanto que na Suíça os aviões pousam e decolam a toda hora orientados por instrumentos.



Os controladores de vôo denunciam: os aviões somem, multiplicam-se ou mudam inesperadamente de altitude no sistema de controle de tráfego aéreo de Brasília. Há também falha de comunicação entre os controladores e os pilotos dos aviões.


Em uma das denúncias, o controlador relata que, no dia 13 de março deste ano, às 22h42, todos os aviões sumiram da tela do computador. "Todas as aeronaves dos setores mudaram o símbolo de bola para asterisco durante alguns segundos. Tal símbolo (asterisco) representa que o sistema deixou de receber o (s) alvo (s)." O relatório acrescenta que a mesma falha ocorrera uma semana antes, durante o turno da tarde.


De acordo com controladores ouvidos, na condição de anonimato devido ao medo de serem punidos pela Aeronáutica, o alvo é o avião, e o símbolo "bola" é o ponto exato de sua localização. O asterisco aparece quando um dos radares pára de funcionar e não é possível saber a posição das aeronaves.


Os problemas por eles relatados, além dos já mencionados como a existência de um "buraco negro" na região norte onde houve o acidente da Gol com o Legacy, são:


Falsa altitude
O sistema de controle de vôo atualiza a altitude do avião de acordo com a comunicação entre piloto e controlador. Mas muitas vezes a altitude é alterada automaticamente pelo computador, sem que a aeronave tenha alterado a rota. Esse caso é relatado no dia 27 de fevereiro: "Isso vem ocorrendo todos os dias em todos os turnos".



Multiplicação de aviões e falha de comunicação
Em 13 de março, um controlador reclama das "inúmeras multiplicações" de um avião na tela. Essa falha ocorre quando dois radares se sobrepõem na mesma região e informam posições diferentes para a mesma aeronave. Se a solução pode ser a comunicação com o piloto, esse mecanismo nem sempre funciona. Dois relatórios descrevem problemas ocorridos na noite do último dia 3.



Segundo um deles, o vôo 3845 da TAM saiu de Brasília e não conseguia contato com a torre para pousar em Confins (MG), por causa de uma interferência de telefone celular. E acrescenta que o problema tem sido "comum" ultimamente. O outro reclama de "eco" na freqüência, que teria impedido o controlador de entender a altitude do avião. O piloto informou a posição "380" (38 mil pés), o 3 ecoou e "abafou" o 8, dando a interpretação de que a aeronave estava na posição "330", ou 33 mil pés. Esse caso teria acontecido em três vôos da TAM: 3845 (Brasilia-Confins), 3519 (Brasilia-Vitória) e 8006 (Salvador-Guarulhos-Buenos Aires).


Após o acidente da GOL, o Fantástico exibiu em 24/JUN/2007, uma matéria sobre os riscos de se voar no Brasil, onde o controlador de vôo Christoph Gilgen, que investigou o acidente com o vôo 1907 da GOL, afirma as mesmas denúncias dos controladores de vôos brasileiros, conforme noticiado no link do vídeo abaixo.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM692997-7823-O+PESADELO+DE+VOAR+PELOS+CEUS+DO+BRASIL,00.html


Vale lembrar, que tais problemas não são somente no Brasil. Em outros países da América Latina, já foram noticiadas falhas no controle do tráfego aéreo e crises como essas ocorrem regularmente em qualquer país que "explora" militares para fazer tal controle por considerá-los mão de obra barata.


O governo não tem interesse em desmilitarizar o setor porque se fizer isso, irá perder uma fonte de renda fixa. Por outro lado, se algum dia isso vier a acontecer, o salário dos controladores de vôos aumentará e consequentemente, as viagens aéreas ficarão mais caras, porque a taxa dos aeroportos irá aumentar, as pessoas irão viajar menos e as cias aéreas terão mais dificuldade de vender assentos dentro das aeronaves devido ao alto preço das passagens aéreas. Essa é a lei do capitalismo: o interesse dos empresários e do governo prevalece mais do que os interesses do povo.


A seguir, uma breve cronologia do início das denúncias ao auge da crise áerea nos aeroportos brasileiros.


29 de setembro, 2006, data do início da crise no setor aéreo brasileiro quando o vôo da Gol 1907 mata 154 pessoas ao se colidir no ar com um jato Legacy. As investigações apontaram entre as causas do acidente falhas na cobertura do espaço aéreo brasileiro e problemas nos equipamentos de controle. Somente após esta colisão no ar, é que o Brasil veio a saber como os passageiros viajam com uma sensação de segurança que não existe.
Após o acidente, a Infraero afirma que controladores de vôo trabalham com atenção redobrada. Porém, os aeroportos em todo país começam a registrar atrasos em pousos e decolagens. Esse fato é apenas a ponta do iceberg. 14 de novembro, 2006, a Aeronáutica obriga os controladores de vôos a permanecerem no local de trabalho. Só então, o país vem a tomar ciência da verdade que estava escondida e que é denunciada pelo Sindicato dos Controladores de Vôo: falta de pessoal e condições inadequadas de trabalho. Com medo de novas paralizações (greves) dos controladores de vôo, o governo disponibiliza as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para contornar o problema do caos nos aeroportos com a aproximação do natal e ano novo. 21 de março, 2007, o Cindacta-2 (Curitiba) registra pane na rede de informática. O governo fala em sabotagem. Talvez, uma manobra política para não admitir que os problemas estão se agravando e que estão ficando fora de controle. A partir de então, os políticos e órgãos responsáveis pela administração do setor (infraero e Ministério da Aeronáutica), começam a dar explicações insensatas e ilógicas contra as confiáveis e sólidas denúncias dos controladores de vôo. 12 de abril, 2007, o ministro da Defesa, Waldir Pires, diz que a crise aérea está sendo vencida e que o Brasil tem um dos melhores padrões de segurança de vôo do mundo. 13 de junho, 2007, Marta Suplicy recomenda aos passageiros que sofrem com a crise aérea: "Relaxa e goza". 22 de junho, 2007, o ministro da Fazenda Guido Mantega dá uma explicação inusitada sobre o motivo do caos aéreo brasileiro: "É a prosperidade do país".

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