Fonte: Matéria do site G1 exibida em 11/ABR/2007
De acordo com controladores ouvidos, na condição de anonimato devido ao medo de serem punidos pela Aeronáutica, o alvo é o avião, e o símbolo "bola" é o ponto exato de sua localização. O asterisco aparece quando um dos radares pára de funcionar e não é possível saber a posição das aeronaves.
Falsa altitude
O sistema de controle de vôo atualiza a altitude do avião de acordo com a comunicação entre piloto e controlador. Mas muitas vezes a altitude é alterada automaticamente pelo computador, sem que a aeronave tenha alterado a rota. Esse caso é relatado no dia 27 de fevereiro: "Isso vem ocorrendo todos os dias em todos os turnos".
Multiplicação de aviões e falha de comunicação
Segundo um deles, o vôo 3845 da TAM saiu de Brasília e não conseguia contato com a torre para pousar em Confins (MG), por causa de uma interferência de telefone celular. E acrescenta que o problema tem sido "comum" ultimamente. O outro reclama de "eco" na freqüência, que teria impedido o controlador de entender a altitude do avião. O piloto informou a posição "380" (38 mil pés), o 3 ecoou e "abafou" o 8, dando a interpretação de que a aeronave estava na posição "330", ou 33 mil pés. Esse caso teria acontecido em três vôos da TAM: 3845 (Brasilia-Confins), 3519 (Brasilia-Vitória) e 8006 (Salvador-Guarulhos-Buenos Aires).
Vale lembrar, que tais problemas não são somente no Brasil. Em outros países da América Latina, já foram noticiadas falhas no controle do tráfego aéreo e crises como essas ocorrem regularmente em qualquer país que "explora" militares para fazer tal controle por considerá-los mão de obra barata.
O governo não tem interesse em desmilitarizar o setor porque se fizer isso, irá perder uma fonte de renda fixa. Por outro lado, se algum dia isso vier a acontecer, o salário dos controladores de vôos aumentará e consequentemente, as viagens aéreas ficarão mais caras, porque a taxa dos aeroportos irá aumentar, as pessoas irão viajar menos e as cias aéreas terão mais dificuldade de vender assentos dentro das aeronaves devido ao alto preço das passagens aéreas. Essa é a lei do capitalismo: o interesse dos empresários e do governo prevalece mais do que os interesses do povo.
29 de setembro, 2006, data do início da crise no setor aéreo brasileiro quando o vôo da Gol 1907 mata 154 pessoas ao se colidir no ar com um jato Legacy. As investigações apontaram entre as causas do acidente falhas na cobertura do espaço aéreo brasileiro e problemas nos equipamentos de controle. Somente após esta colisão no ar, é que o Brasil veio a saber como os passageiros viajam com uma sensação de segurança que não existe.
Após o acidente, a Infraero afirma que controladores de vôo trabalham com atenção redobrada. Porém, os aeroportos em todo país começam a registrar atrasos em pousos e decolagens. Esse fato é apenas a ponta do iceberg. 14 de novembro, 2006, a Aeronáutica obriga os controladores de vôos a permanecerem no local de trabalho. Só então, o país vem a tomar ciência da verdade que estava escondida e que é denunciada pelo Sindicato dos Controladores de Vôo: falta de pessoal e condições inadequadas de trabalho. Com medo de novas paralizações (greves) dos controladores de vôo, o governo disponibiliza as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para contornar o problema do caos nos aeroportos com a aproximação do natal e ano novo. 21 de março, 2007, o Cindacta-2 (Curitiba) registra pane na rede de informática. O governo fala em sabotagem. Talvez, uma manobra política para não admitir que os problemas estão se agravando e que estão ficando fora de controle. A partir de então, os políticos e órgãos responsáveis pela administração do setor (infraero e Ministério da Aeronáutica), começam a dar explicações insensatas e ilógicas contra as confiáveis e sólidas denúncias dos controladores de vôo. 12 de abril, 2007, o ministro da Defesa, Waldir Pires, diz que a crise aérea está sendo vencida e que o Brasil tem um dos melhores padrões de segurança de vôo do mundo. 13 de junho, 2007, Marta Suplicy recomenda aos passageiros que sofrem com a crise aérea: "Relaxa e goza". 22 de junho, 2007, o ministro da Fazenda Guido Mantega dá uma explicação inusitada sobre o motivo do caos aéreo brasileiro: "É a prosperidade do país".
Nenhum comentário:
Postar um comentário