Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

PERIGOS E PROBLEMAS EM VIAGENS COM CIAS AÉREAS LOW COST

Omarketing agressivo de vendas de passagens aéreas por 1 Euro, iniciada na Europa com o surgimento de cias aéreas operando nesse conceito de administração refletiu no Brasil e no resto do mundo essa nova tendência.
Entretanto, 1 Euro é apenas uma isca (1 a 8 assentos dos 50 a bordo de um avião de médio porte) porque o preço médio praticado por vôo é de aproximadamente 100 Euros. Mesmo assim, ainda é barato! Às vezes, o mesmo preço ou um pouco a mais do valor de uma passagem de ônibus.

Os fatores que contribuem para a compra de passagens aéreas baratas com cias aéreas low cost, são:
  • A eliminação de todos os serviços gratuitos a bordo (refeições, bebidas e jornal).
  • A não marcação de lugares.
  • A não transferência de bagagem e passageiros entre vôos de conexão.
  • Os seguros de viagens.
  • Atendimento eletrônico (não há call center, tudo é feito pela Internet).
  • Franquia de bagagem diferenciada (volume de malas e quantidade de peso menor) das demais cias aéreas regulares.
Na prática, transformaram o que seria um custo para uma companhia regular (exemplo: Air France, TAP,TAM, etc) numa oportunidade de receita, cobrando por todos os serviços extras, e que na verdade, são dispensados pela maioria dos passageiros.
Entre os problemas encontrados nas cias aéreas low cost, podemos citar:
  • As partidas e chegadas de seus vôos, são em maior parte, em aeroportos regionais. Isto implica em gastos com táxi.
  • Os vôos menos rentáveis não são diários, e geralmente, são 1 por dia. Em caso de atraso de vôo ou perda de vôo que faz conexão com o de outra cia aérea, prepare o bolso.
  • Os vôos não oferecem lanche nem alimentação a bordo, e quando oferecem é de baixa qualidade.
  • Por não serem empresas credenciadas pela IATA, não emitem bilhetes aéreos, e sim recibos de compra pela Internet que não são reembolsáveis e nem endossáveis.
  • O seu cartão de crédito pode ser fraudado por hackers que tentam rastrear suas informações confidenciais no momento da compra do bilhete nos sites destas cias aéreas.
  • O horário de seus vôos não são regulares, ou seja, podem ser cancelados e marcados para o dia seguinte ou ter a partida adiada para mais de 6 horas devido o fato de possuírem, em certos casos, 1 ou 2 aviões , o que torna inviável reitinerá-los para embarcar os passageiros que tiveram seu vôo cancelado.
Problemas à parte, o fator preço acaba pesando mais no orçamento fazendo com que o viajante ignore esses detalhes, esquecendo-se que mais adiante o barato poderá custar caro.
Quando a filosofia de vôos low cost chegou ao Brasil, muitos brasileiros se motivaram a viajar de avião, acreditando que seria possível realizar seu sonho de voar. Muitas empresas low cost surgiram. Umas (como a Via Brasil) já faliram. Outras (como a VASP) que não eram low cost, adotaram esse conceito para se manterem no mercado, mas desapareceram. E outras(como a Gol) que eram low cost, deixaram de ter tal conceito. Quer saber por quê?

Os custos com a aviação são altos. Não há condições de um empresário abrir uma empresa aérea com o conceito de low cost, se ele irá vender em Real e pagar o leasing da aeronave, o seguro, a reposição das peças e equipamentos em Dólar ou em Euro. Sem falar das altas taxas tributárias do governo. Aos poucos, a falência virá, e certa! Tendo como reflexos a má conservação da aeronave, a falta de manutenção, a insegurança de voar, a insatisfação dos funcionários que atendem os passageiros com má vontade e falta de atenção porque seus salários estão atrasados, etc.
Talvez essas fotos da BRA, exibidas no Jornal O Globo, ilustrem bem o cenário decadente de uma cia aérea low cost num país da América Latina.



Vale lembrar, que o crescimento turístico dos últimos anos se deve sobretudo ao advento das companhias aéreas low cost, e não a uma política de promoção sustentada pelo governo. Na Europa, Lisboa está ligada a 22 cidades por mais de 17 companhias aéreas low cost provenientes de 14 países, 13 dos quais europeus, sendo a US Airways, que liga Filadélfia à capital portuguesa.
Porém, cada vez mais, as cias aéreas low cost atuam em rotas mais rentáveis, ocasionando o cancelamento de outras rotas como Madrid/Faro e Barcelona/Faro devido aos custos de operação e competição com outros meios de transporte (trem). Isso significa dizer que sua permanência num destino não será duradora e o cancelamento de uma de suas rotas poderá pegar desprevenido muitos viajantes com passagens aéreas já compradas.

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