Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

SUPERSTIÇÕES NA AVIAÇÃO

Superstições podem existir no meio aeronáutico? São meras coincidências, ou um sinal de aviso de precaução para os viajantes mais pessimistas que têm medo de voar? O que dizer das evidências mostradas nesse vídeo que relata o ataque terrorista ao World Trade Center (WTC)?
Uma longa história por detrás dos nomes das aeronaves deu origem às superstições de hoje na aviação envolvendo inclusive tabus e misticísmos por trás dos apelidos e prefixos dos aviões.
O hábito de usar os nomes de família surgiu como uma característica de tentar dar sempre nomes às aeronaves iniciados pela letra do próprio fabricante. Assim, surgiram as famosas dinastias como por exemplo, a Douglas e suas aeronaves comerciais (Douglas Commercial): DC-1, DC-2... até DC-10. Os seus aviões de guerra, contudo, recebiam nomes e números, sempre começando pelo prefixo "Sky": Douglas C-47 Skytrain, A1H Skyraider, F3D Skynight, A-4 Skyhawk, F4D Skyray e F5D Skylancer.
A Convair ficou com os números, a princípio: Os famosos Convair 240, 340, e o 440, que recebeu o nome de Metropolitan. Ao evoluir para os jatos, continuou com nomes: nascia o Convair 880 Golden Arrow, mais um nome que não "pegou" e depois o Convair Skylark ou Convair 990, que acabou bastante conhecido mesmo como Coronado. Esse nome foi criado pela Swissair e adotado por vários operadores, entre eles a SAS, Varig e Spantax.
A criação dos aviões da Lockheed é conhecida desde o princípio por nomes de estrelas ou de corpos celestes. Dos velhos Orion, Vega, Electra, Constellation e Sirius, passando pelos caças P-80 Shooting Star e F-104 Starfighter.
O fundador da McDonnell, James S. McDonnell, sempre foi muito ligado ao ocultismo e ao animismo e em homenagem a estes seus interesses, quase todos os nomes dos aviões fabricados por sua empresa tem nomes "do além": F2H Banshee, F3H Demon, F-101 Voodoo e F-4 Phantom.
Falemos então dos mais famosos números da aviação comercial: os jatos Boeing, que vão do 707 ao 777, por enquanto. Não que a Boeing não tenha tentado dar nomes aos seus aviões. Os nomes, em alguns casos, simplesmente "não pegaram". Além do Boeing 307 Stratoliner e do Boeing 377 Stratocruiser, os grandes bombardeiros da empresa também tinham nomes: o B-17 Flying Fortress, o B-29 Superfortress, o B-47 Stratojet e o B-52 Stratofortress.
E o que dizer da origem de um nome? Quando ele vem de países em língua inglesa, costumamos não estranhar. Mas então, quando pensamos em nossa Embraer e seus nomes brasileiros, paramos um instante. Pergunte a um estrangeiro como se pronuncia Bandeirante, Brasília, Tucano ou, mais difícil ainda, Xingú... Você vai entender porque depois destes, a empresa adotou somente números para designar suas aeronaves, evitando assim que seus futuros aviões seguissem o destino do Bandeirante que foi “apelidado” lá fora como Bandit.
Os apelidos começaram então a surgir de acordo com as características dos aviões observadas pelos viajantes. Alguns podem parecer estranhos, maldosos, engraçados ou bizarros... Mas para quem é pessimista e supersticioso, isto já basta para ser um sinal de má sorte e alerta para se evitar um destino trágico. Daí a clássica pergunta aos agentes de viagens: “Qual é o equipamento?”

  • A320: Logo que foi lançado, foi chamado de NintendoJet. Mas logo depois, recebeu dois apelidos que são referência aos 3 primeiros acidentes com o tipo: Cortador de Grama de Toulouse e "John Wayne", porque corta árvores, move montanhas e mata índios.


  • BAe146: Viscount 900, Smurfjet, Câmara de Gás, Bring Another Engine, One-Four-Sick, Submarino (lento e baixo), Auschwitz Aéreo, Mini Galaxy, Toxic Terror (muitos destes apelidos são em função das constantes contaminações por fumaça na cabine).


  • B707: Transformer (taxia quadrimotor, decola trimotor, pousa bimotor).


  • B737: Tin Mouse, Pocket Rocket Socket, FLUF (Fat Little Ugly Fucker), Baby Boeing.


  • B747: Whale, Upstairs and Downstairs.


  • B747-SP: Short Plane, Stupid Purchase.


  • B777: Bigfoot.


  • C130 Hercules: Fat Albert, Trash hauler.


  • Cessna 210 Centurian: Coffin.


  • Cessna Citation: Slowtation, Nearjet, Bugjet.


  • DC-8: Old Smokey, Greasy 8, Death Cruiser.


  • DC-10: Diesel 10, Death Cruiser 10, Crowd Killer.


  • MD-11: More Death 2, Scud (depois de lançado, não há certeza de onde vá cair), Meu Deus-11.


  • F100: Fokker Yourself, Fode 100, Maestro (em cada aeroporto um conserto).


  • L-049 Constellation: Consertation.


  • LearJet: FearJet, Noisemaker.


  • Metroliner: Death pencil, The Screamin Weenie, Terror Tube.


  • PA-38 Tomahawk: Traumahawk, Terrahawk, SpinMaster.

  • Associado aos apelidos, a maldição dos prefixos de cias aéreas é uma questão tão antiga quanto a aviação. Desde que aeronaves passaram a receber prefixos e envolverem-se em acidentes, parece haver um fascínio em relacionar as letras usadas nos prefixos com o abstrato conceito de sorte ou azar. Mas é justamente a estranha coincidência de letras que fortalece entre os aeronautas e aeroviários a tese de que certas letras dão azar.


    AZAR Nº 1: Prefixos verdadeiros em maquetes
    Você já reparou que as maquetes de fibra de vidro, daquele tipo exposto em agências de viagens, utilizam-se de prefixos inexistentes. A razão para isso é a superstição de que aviões com prefixos reais representados em maquetes acabam envolvendo-se em acidentes. A tese foi inicialmente corroborada no Brasil pelo acidente ocorrido com o Constellation L-1049G da Varig, PP-VDA. Ao receber as primeiras maquetes, que mostravam esse prefixo, os diretores da Varig da época já não acharam de bom agouro, mas deram de ombros.
    Menos de dois anos depois de entregue às agências de viagens, justamente o PP-VDA acidentou-se. Foi em 16/8/1957 ao largo de Puerto Plata, República Dominicana. Foi o que bastou: Ruben Berta pessoalmente ordenou que todas as maquetes da empresa passassem a ostentar o prefixo fictício "PP-VRG". Atitude essa seguida pelas outras empresas em relação aos prefixos em suas maquetes.


    AZAR Nº 2: Mostrar em anúncios o prefixo das aeronaves
    Vem dessa época uma superstição muito parecida: aviões mostrados em anúncios, com seus prefixos verdadeiros aparentes, envolvem-se em acidentes. As fotos de aviões usadas em anúncios da Varig eram portanto sempre retocadas, com as matrículas reais apagadas ou substituídas pelo PP-VRG. A tradição foi quebrada num anúncio da Varig Cargo, que mostrava justamente, adivinhe: o 707-320C PP-VJZ, aeronave que acidentou-se em 11 de julho de 1973 nas cercanias do aeroporto de Orly, Paris, matando quase todos os ocupantes!

    AZAR Nº 3: Prefixos com a letra K no Brasil

    Esta parece ser a letra mais azarada da aviação brasileira, além da letra S nos prefixos dos aviões da extinta Transbrasil e da letra E nos prefixos dos aviões da também falida VASP. Acidentes com aeronaves cujos prefixos terminava em "Kilo" ocorreram com quase todas as grandes empresas brasileiras. A série de acidentes com aeronaves de prefixo E, K e S só não é mais longa porque, aqui no Brasil, a letra passou a ser evitada. A GOL é uma das novas cias aéreas que não tem essas letras nos prefixos de suas aeronaves.
    A longa série de acidentes começa com o Messerschmitt Me-206 PP-VAK da Varig, acidentado em 7/3/1948. A lista segue com o DC-3 da Cruzeiro do Sul, PP-CCK, que teve de fazer um pouso forçado em Trinidad, Bolívia, em 27/07/1951. Depois, foi a vez da Real Aerovias perder o DC-3 PP-YPK em Campo Grande, MS, em 28/08/1953. A Nacional perdeu outro DC-3, PP-ANK, acidentado ao decolar do aeroporto da Pampulha, MG, em 6/09/1956 e a Varig perdeu o DC-3 PP-YPK, acidentado em Porto Nacional, GO, em 23/06/1966.
    Entre alguns acidentes mais recentes com esse prefixo, está o ocorrido com a Varig que perdeu o PP-VMK. O 737-200 tragicamente acidentado em São José do Xingú, MT. O 737 decolou de Marabá com destino à Belém, escala final do vôo RG254. A tripulação plotou no sistema de navegação da aeronave a proa 270º (proa oeste), ao invés da proa correta que seria 027, no rumo N/NE. Após voar algumas milhas a aeronave fez um pouso em pane seca na floresta, à noite. Milagrosamente, escaparam com vida 42 dos 54 ocupantes do avião.
    E talvez tão famoso e trágico quanto os acidentes anteriores tenha sido a queda, em 31/10/1996, do PT-MRK, o Fokker 100 da TAM que caiu sobre casas do bairro do Jabaquara, em São Paulo, matando seus 99 ocupantes e mais 3 pessoas em solo.

    2 comentários:

    Superioridade disse...

    Vc esqueceu do PR-MBK da TAM que se acidentou em congonhas-SP.O Arbus da TAM tinha essa letra K

    Anônimo disse...

    E também do 727 da VASP PP-SRK em Fortaleza, 1982.

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