Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

COMO REDIGIR EMAILS PARA SE JUSTIFICAR E SE EXIMIR DE ERROS E PROBLEMAS

São dois os tipos  de problemas que aflingem os agentes de viagens: RECLAMAÇÃO DE CLIENTES e PROBLEMAS DE DÉBITOS COM SERVIÇOS DE VIAGENS. A redação do seu email dissertativo-argumentativo deverá ter a seguinte linha de resposta conforme a acusação recebida:

TIPO DE EMAIL
DESCRIÇÃO
O QUE FAZER
EMAIL DE COBRANÇA DE DÉBITO
Ao receber um ADM ou cobrança de NOSHOW que o cliente não quer pagar
DEFENDA-SE
use provas como conversas de emails anteriores, anexos, print screens de sistemas, etc
EMAIL DE RECLAMAÇÃO DE CLIENTE
Geralmente refere-se ao atendimento
RESPONDA COM HIPÓTESES
Não culpe o cliente ou diga que ele está errado e nem muito menos faça-o passar por mentiroso. As hipóteses apuradas servirão de base para o seu supervisor fazer uma conclusão do problema e responder o cliente.

A prática para aprender a redigir emails dissertativos-argumentativos vem com o tempo, entretanto, alguns detalhes observados nos emails apresentados nesses vídeos servirão de guia para você formar uma base de conhecimento para as suas justificativas.



GÊNEROS TEXTUAIS
A escolha de um determinado gênero discursivo depende em grande parte da situação de produção, ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quais são as pessoas envolvidas, qual o meio envolvido para vincular o texto, etc.

Se o objetivo do email é instruir o leitor, então o texto no email deve indicar o passo a passo do que deve ser feito para se obter tal resultado.

Se o objetivo do email é expressar a opinião e defender o ponto de vista do remetente sobre determinado assunto, então deve-se redigir um texto que se organize  em torno de argumentos.

Se o objetivo do email é contar fatos reais ou fictícios, o remetente pode optar por produzir um texto que apresente em sua estrutura os fatos, as pessoas ou personagens envolvidos, o momento e o lugar em que os fatos ocorreram.

Se o objetivo do email é transmitir conhecimentos, o remetente deve construir um texto que exponha os saberes de forma eficiente.


VERDADE x OPINIÃO
Nos emails argumentativos em geral, o autor (remetente) sempre tem a intenção de convencer seus leitores. Para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.

Consideram-se verdades tanto as afirmações universalmente aceitas (por exemplo, o fato da Terra girar em torno do sol, a poluição prejudicar o meio ambiente) quanto dados científicos  em geral, estatísticas, resultado de pesquisas sociais ou de laboratório, entre outras. Já as opiniões são fundamentadas em impressões pessoais (razões e explicações) do autor do texto e, por isso, são mais fáceis de contestar.

Os bons textos argumentativos geralmente fazem um uso equilibrado dos dois tipos de argumentos.


ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Dissertar é o mesmo que explanar sobre um tema, desenvolvê-lo. Em princípio o texto dissertativo não está comprometido com a persuasão, e sim com a transmissão de conhecimentos. Apesar disso, dado os problemas com reclamações de clientes, problemas de emissão de passagens emitidas com data errada cujos quais exigem do emissor uma explicação do porquê do erro, etc, obrigam o autor a analisar e discutir tais situações, defendendo seu ponto de vista e, às vezes, propondo soluções.

Um email dissertativo-argumentativo pode apresentar uma estrutura dividida em 3 partes:

1 – INTRODUÇÃO
É a TESE ou IDÉIA PRINCIPAL apresentada como forma de resumir o ponto de vista do remetente acerca do tema.

2 – DESENVOLVIMENTO
É constituído pelos parágrafos ou tópicos numerados que explicam e fundamentam a tese, defendendo o ponto de vista do remetente.

3 - CONCLUSÃO
É a síntese das idéias expostas ou uma sugestão ou uma proposta para a solução do problema abordado, podendo se dividir em
·         CONCLUSÃO-RESUMO: que retorna as idéias do texto.
·  CONCLUSÃO-SUGESTÃO: em que são feitas propostas para a solução de problemas.


CONSELHOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM EMAIL DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
1 - DURANTE A ELABORAÇÃO DE PARÁGRAFOS:
·   Não é necessário que se faça conclusão em cada parágrafo. Poderá ser apresentada no final, encerrando o tema e fechando os argumentos numa conclusão mais ampla.
·         Desde a introdução até o final do texto deve ser observada a coerência.
·         Evite informações falsas, sem fundamentação. Fale o que sabe.
·         Mantenha nexos entre as partes.
·         Use exemplos.
·         Não use linguagem rebuscada. Use palavras e significados simples.
·         Utilize recursos de coesão e evite repetição de termos.
·         Cuidado com a ambiguidade (ex.: “Onde está a vaca da sua mãe?”).
·         Evite gírias e frases feitas.
·         Use expressões claras, evite subentendidos (lá, anteontem, um dia antes, etc.).

2 - NUNCA ASSUMA O SEU ERRO AO REDIGIR UMA MENSAGEM.
Exceto que seu erro esteja evidente demais! Quem deve apontar os erros é quem te contesta. Se seus erros passarem desapercebidos,  melhor para você.

3 - APONTE O ERRO DOS COLEGAS DE TRABALHO ENVOLVIDOS NO PROBLEMA SOMENTE SE VOCÊ TIVER CERTEZA QUE ELES SÃO CULPADOS PELO ERRO QUE VOCÊ FOI INDUZIDO A COMETER E QUE A EMPRESA QUER RESPONSABILIZÁ-LO POR ISSO.

4 - SE FOR O CASO, REDIJA SEU EMAIL COM UMA LINHA DO TEMPO, SIMILAR AS MENSAGENS DO MSN, COM DATA E HORÁRIO, PARA QUE A SEQUÊNCIA DE UM PROBLEMA SEJA ENTENDIDO.

5 - AO RECEBER UM EMAIL DE JUSTIFICATIVA DE UM FUNCIONÁRIO SOBRE CERTA RECLAMAÇÃO DE UM CLIENTE, NÃO REENCAMINHE ESSE EMAIL PARA O CLIENTE COMO RESPOSTA.
Ao invés disso, reedite-o se for necessário ou leia-o primeiro antes de responder o cliente com as mesmas palavras do funcionário envolvido no problema.

6 - RESPONDA SEMPRE NO MESMO EMAIL.
Dessa forma você criará um histórico da conversa que facilitará o entendimento do assunto por qualquer pessoa no seu trabalho que venha a ler o seu email na sua ausência.

7 -  NUNCA RESPONDA UM EMAIL LEVANTANDO DISCUSSÕES PARA O CAMPO PESSOAL. ABORDE APENAS O PROBLEMA, APONTANDO HIPÓTESES OU TÓPICOS QUE JUSTIFIQUEM O PROBLEMA TER ACONTECIDO.
O que está em avaliação são as idéias e o problema auditado, não as pessoas.

TIPOS DE INTRODUÇÃO APRESENTADOS NUM EMAIL DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
A introdução pode ser construída por um ou mais parágrafos. Quando o texto é construído pelo método dedutivo (do geral para o particular), é nela que se lança a tese ou idéia principal a ser desenvolvida no texto. Em alguns casos, o próprio título pode ser a introdução para o desencadeamento do texto argumentativo.

Os tipos de introdução mais comuns num email são:

a) EXEMPLO
“Venho por meio deste reportar o problema de dependermos do email do cliente com o seu código de autorização de compra para encaminharmos a fatura de cobrança. Não é a primeira vez que isso ocorre e já tivemos situações parecidas no passado  com outros clientes.”

Nesse tipo de texto, a introdução é ilustrativa e simbólica e pode ser retomada diversas vezes. Deve-se, entretanto, tomar cuidado para que a narrativa não seja longa demais e prejudique o desenvolvimento da argumentação.

b) CITAÇÃO
“Há tempo para tudo em nossas vidas. Tempo para nascer, para estudar, para trabalhar, etc. Passam-se gerações e permanecem as necessidades: “Todo homem tem direito à vida, à saúde e bem estar.”, como afirmam a Declaração Universal dos Direitos do Homem e tantas outras Cartas Magnas de várias nações.”

Nessa introdução, o autor constrói sua tese a partir de uma citação, o que confere maior credibilidade ao seu ponto de vista, pois ele se apóia na palavra de outrem, que pode ser uma autoridade no assunto, ou como no texto acima, um documento respeitado internacionalmente.

c) ROTEIRO
“O objetivo deste comentário consiste em avaliar o projeto de lei proibindo armas de fogo encaminhado ao Congresso pelo Ministério da Justiça. Começo com a proibição genérica do artigo 1o., envolvendo todos os cidadãos, menos os servidores das Forças Armadas, dos órgãos de segurança pública ou de inteligência federal e as organizações de segurança privada.”

Nesse tipo de introdução, o autor anuncia o que pretende desenvolver e a forma como vai fazê-lo.


TIPOS DE ARGUMENTOS APRESENTADOS NUM EMAIL DISSERTATIVO-ARGMENTATIVO
Como o texto dissertativo-argumentativo tem uma finalidade persuasiva, a qualidade dele depende da escolha, da consistência e da organização dos argumentos  apresentados no desenvolvimento. Ao estruturar um email dissertativo-argumentativo, convém diversificar os tipos de argumento. Porém, mais importante do que a diversidade  e a quantidade de argumentos, é a utilização de argumentos fortes e bem-fundamentados, que possam, de fato, persuadir o leitor.

1 – COMPARAÇÃO
Estabelece o confronto entre duas realidades diferentes, seja no tempo, seja no espaço, seja quanto as características físicas, etc.
“Numa lista de 82 países pesquisados pela International Center for Alcohol Policies, instituição com sede em Washington (EUA), a nova lei seca brasileira com limite de 2 decigramas de álcool por litro de sangue é mais rígida que 63 nações, iguala-se em rigidez a cinco e é mais tolerante que outras 13, onde o limite legal varia de zero a 1 decigrama.”

Nesse caso, compara-se a lei seca do Brasil com a de outros países, para mostrar o nível de rigidez da nova lei brasileira.

2 – ARGUMENTOS DE ALUSÃO HISTÓRICA
O autor (remetente) retoma acontecimentos do passado ou faz uso de frases de pessoas envolvidas no problema discutido, ou de cláusulas de contrato, ou de regra tarifária do GDS, para explicar ou justificar fatos do presente ou que estão se repetindo no presente.
“Faço uso das palavras da Ana Julia, que diz que não podemos nos responsabilizar por solicitações de reservas de hotel enviadas para o nosso email após o horário de expediente.”

Quando essa citação ocorre, dizemos que está havendo uma intertextualidade para construir e destacar seus próprios argumentos de defesa.

3 – ARGUMENTOS COM PROVAS CONCRETAS
Consistem na apresentação de dados estatísticos (relatórios de produtividade como quantidade de bilhetes emitidos, receita, comissão, etc), print screens de telas de sistemas, etc.

4 – ARGUMENTOS CONSENSUAIS
São aqueles em que certas “verdades” aceitas por todos são utilizados. São afirmações que não dependem de comprovação, como por exemplo:
“A passagem não foi emitida porque o email foi enviado depois do meu horário de trabalho.”

5 - ARGUMENTOS DE RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO
São aqueles que citam exemplos de erros ou problemas que virão acontecer caso algo seja feito. Por exemplo:
“Esse cliente trabalha com reembolso da Petrobrás. Isso significa que teremos que exigir dos nossos fornecedores nota fiscal, porque a Petrobrás só reembolsa suas empresas terceirizadas se elas apresentarem nota fiscal dos serviços solicitados. Logo, se fizermos uma reserva de hotel sem cobrarmos a nota fiscal, nosso cliente não poderá nos pagar porque não será reembolsado pela Petrobrás por esse serviço que nos solicitou.”

6 – ARGUMENTOS DE RETORÇÃO
O remetente utiliza os próprios argumentos do destinatário para destruí-los.

EMAIL DO MORADOR:
“Desde novembro estão fazendo uma obra em um imóvel na esquina da Oscar Freire com a Haddo ck Lobo. Desde o início, a lei de silêncio é desrespeitada. É impossível descansar em qualquer dia e horário  da semana. Já fizemos várias reclamações ao Psiu, polícia e subprefeitura, mas tudo leva a crer que o dono do imóvel ou a construtora têm algum poder para que não se respeite a lei”

EMAIL DA PREFEITURA:
“Esteja certo de que a construtora não está acima da lei, assim como a Prefeitura, que deve respeitar a legislação. A obra no imóvel na esquina citada é regular. Em relação ao barulho, agentes do Psiu estiveram no local no dia 19 de Maio, constatando eu o ruído está dentro do que é permitido pela legislação. Peço ao morador, que caso o problema persista, nos avise, para que uma nova vistoria seja feita.”


A TÉCNICA DA CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
·         Faça uso de emails anteriores, comunicados da empresa, cópia de print screen de sistemas que venham a demonstrar que o argumento do acusador é falso ou parcialmente verdadeiro. Faça isso sem deixar explícito que ele é mentiroso,mas sim que está fundamentado em razões equivocadas, falsas ou parcialmente verdadeiras.
·         Tente descobrir incoerências ou contradições nos argumentos do interlocutor, se houver, aponte-as em novos argumentos a seu favor.
·         Se as afirmações da pessoa que te contesta são generalizantes, demonstre com um ou mais exemplos de casos ou situações particulares, que o argumento dele é inconsistente ou apenas parcialmente verdadeiro quando confrontado com a realidade.Por exemplo: se possível, comece sua argumentação narrando uma história de que tenha conhecimento e, em seguida, direcione-a para a defesa de seu ponto de vista sobre o assunto.
·         Conclua sua mensagem de email sintetizando os argumentos do adversário e os seus contra-argumentos, demonstrando aos leitores que o ponto de vista do adversário está fundamentado em razões equivocadas, falsas ou parcialmente verdadeiras.
·         Faça concessões: é possível que você concorde com alguns pontos do email do contestador. Nesse caso, é conveniente fazer concessões, isto é, admitir que o outro tem razão em parte. Provavelmente o contestador fará o mesmo, o que pode ser o caminho para um acordo, isto é, para que as partes cheguem a uma posição intermediária entre as idéias divergentes e talvez finalizando a um denominador comum que seria a solução para o problema.

TIPOS DE CONCLUSÃO APRESENTADOS  NUM EMAIL DISSERTATIVO-ARGMENTATIVO
Não há uma fórmula única para concluir no último parágrafo um texto dissertativo-argumentativo. Apesar disso, existem alguns procedimentos que são os mais utilizados. Entre eles estão:

1 – SÍNTESE
Onde são retomadas as idéias lançadas tanto na tese quanto nos parágrafos do desenvolvimento, tomando o cuidado de não reapresentar seus argumentos por inteiro, pois isso tornaria o texto repetitivo. A retomada , nesse caso, deve ser feita de forma sintética, evitando-se a mera repetição de palavras e frases.
Embora não seja obrigatório, é comum haver um elemento de coesão entre a conclusão e as demais partes do texto. Às vezes, esse elemento fica subentendido, como ocorreu no parágrafo acima, que poderia ter sido introduzido por um elemento coesivo como: assim, portanto, desse modo, logo, nesse sentido, diante disso, etc.

2 – PROPOSTA
Onde o autor apresenta soluções para os problemas discutidos. Quanto mais concretas forem as propostas, evitando-se sugestões vagas, como por exemplo: “É preciso que todos tomem consciência.”, ou “Somente quando cada um de nós fizer sua parte.”, mais persuasivo será o email como um todo.

3 – AGREGAÇÃO
Nesse tipo de conclusão, finaliza-se  com uma palavra ou frase que tenha um valor mais abrangente, isto é, apresenta-se uma idéia capaz de reunir todos os aspectos abordados anteriormente. Na conclusão abaixo, por exemplo, o autor, depois de tratar separadamente da concepção linear e da concepção cíclica de tempo, nega as duas para defender uma concepção particular de tempo.
“As concepções de tempo foram construídas pela mente humana;logo não há nenhuma que sirva como verdade universal. Por isso não se pode impor uma a toda sociedade, evitando, assim, a degradação do pensamento do indivíduo em favor do pensamento de massa, que teria um resultado negativo para a evolução da humanidade.”

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS DOS EMAILS DISSERTATIVOS-ARGUMENTATIVOS
I - LINGUAGEM IMPESSOAL
Ocorre linguagem impessoal quando o texto não revela a opinião pessoal de quem o escreve. O texto pode conter assuntos diversos e muito importantes, mas de uma forma impessoal, ou seja, sem revelar a pessoa. Por exemplo: bula de remédios, receitas, informações técnicas, e muitos outros.

As redações dissertativas argumentativas, geralmente, são escritas em linguagem impessoal. Logo, a linguagem neste tipo de texto é denotativa, isto é, preocupada com a objetividade da informação.

A linguagem impessoal está ligada ao discurso indireto:
“O gestor disse por telefone que eu podia emitir a passagem.”

II - FORMAS VERBAIS
a) OS TEMPOS VERBAIS PREDOMINANTES NOS EMAILS DISSERTATIVOS-ARGUMENTATIVOS SÃO AS FORMAS VERBAIS DO PRESENTE
No entanto, para dar maior ênfase aos textos, ou até, menor comprometimento, pode-se usar tempos do mundo narrado, ou seja, os  do pretérito.

b) TEXTO ESCRITO NA 3a. PESSOA AO INVÉS DA 1a. (EU)
Dessa forma você passa a impressão ao leitor que as pessoas na empresa estão de acordo com sua resposta, ou que você está expressando uma afirmação sem deixar claro ao leitor dessa afirmação ser uma opinião sua, que poderia dar margens a uma contestação. “A impressão que se tem é de se tratar de um comunicado”

c) VOZ ATIVA x VOZ PASSIVA
As vozes verbais estão relacionadas à intencionalidades discursivas.

Se desejarmos enfatizar o sujeito da ação, empregamos a voz ativa:
“Governo eleva preços dos combustíveis.”

Se desejamos ressaltar a idéia de passividade, empregamos a voz passiva:
“Preços dos combustíveis são elevados pelo governo.”

A escolha de qual tipo de voz do verbo a ser usada dependerá da intenção do autor no texto. Se ele desejar acusar por email uma pessoa, então deverá ser usado a voz ativa. Mas se desejar combater as idéias ou ações dessa pessoa, ou deixar o julgamento para outras pessoas, então deverá ser usado a voz passiva.

III - VOCATIVO x APOSTO
Enquanto o aposto serve para esclarecer ou ampliar o sentido de uma palavra do texto, o vocativo remete a situação comunicacional, evidenciando o interlocutor (a pessoa envolvida) e abrindo o canal da comunicação. Assim, quando nos dirigimos ao interlocutor é comum usarmos o vocativo (querida, filhinha, professora, Douglas, etc), desejamos não apenas deixar claro que é com essa pessoa que estamos falando, mas também que ela preste atenção ao que vamos falar.
·         Use VOCATIVO nas frases para identificar a pessoa cuja qual você está se referindo e com isso deixar sua  mensagem mais esclarecida. Exemplo: “Por isso peço a você, ANDERSON, para dar sequência a resolução desse problema.”
·         Use APOSTO (identificado entre vírgulas) para explicar, ampliar, resumir ou identificar nas orações um substantivo ou um pronome. Exemplo: “Ao receber a ligação da Luciana, secretária da presidência da Petrobrás, emiti a passagem conforme sua solicitação por telefone.”

IV - PARALELISMO
Caracteriza-se pelas relações de semelhança entre palavras e expressões, materializadas por meio do campo morfológico, sintático e semântico.

De forma a constatá-los, analisemos os casos nos quais se detecta a falta de paralelismo de:

a) ORDEM MORFOLÓGICA
Quando as palavras pertencem a uma mesma classe gramatical:

ERRADO: “Sua saída se deve a mágoas, humilhações, ressentimentos e a agressores que tanto pretendiam ocupar seu cargo dentro da empresa.”

Constatamos que há uma ruptura de ordem morfológica, evidenciada pela troca de um substantivo por um adjetivo, ou seja, o termo “agressores” em detrimento a “agressões”. Portanto, o discurso carece de uma reformulação, evidenciada por:

CORRETO: “Sua saída se deve a mágoas, humilhações, ressentimentos e a agressões por parte daqueles que tanto pretendiam ocupar seu cargo dentro da empresa.”

b) ORDEM SINTÁTICA
Quando as construções das frases ou orações são semelhantes.

ERRADO: ”A preservação do meio ambiente representa não só um dever de cidadania e é para que o planeta sobreviva.”

Aqui, o correto seria utilizarmos a conjunção aditiva “mas também” em vez do conectivo “e”, visto que o discurso revela a ideia de adição no que se refere às consequências oriundas de tais ações. Assim, a mensagem se evidenciaria da seguinte forma:

CORRETO: “A preservação do meio ambiente representa não só um dever de cidadania, mas também contribui para que o planeta sobreviva.”

c) ORDEM SEMÂNTICA
Quando há correspondência de sentido.
·         quanto mais...tanto mais
“Atualmente, quanto mais nos qualificamos, (tanto) mais conseguimos uma boa colocação no mercado de trabalho.”
Ambas as estruturas paralelísticas foram utilizadas no sentido de indicar uma progressão entre os termos constituintes.

·         seja... seja; quer...quer; ora...ora
“Cuide sempre de suas atitudes, seja em casa, seja no trabalho.”
Quer queiras, quer não, terás de aproveitar essa oportunidade.”
Constatamos que o paralelismo se deveu à noção de alternância (primeiro exemplo), como também à de posição (segundo exemplo).

·         não... e não/nem
Não conseguimos viajar nesse ano, nem no anterior.”
Tal recurso é utilizado na intenção de enfatizar uma sequência de ações negativas.

·         por um lado..., por outro
“Se por um lado agradou aos convidados, por outro desagradou à família.”
Constata-se que o emprego das estruturas paralelísticas foi na intenção de estabelecer uma comparação, aludindo a aspectos negativos e positivos mediante uma ação.

·         tanto...quanto.
“A despedida é extremamente ruim, tanto para quem parte, quanto para quem fica.”
Identificamos que as estruturas introduzem tanto a ideia de adição quanto de equiparação ou equivalência.

·         Tempos verbais
Se todos comparecessem, haveria mais cooperação.”
Se todos comparecerem, haverá mais cooperação.”
Inferimos que o emprego do pretérito imperfeito do subjuntivo (comparecessem) se adéqua ao futuro do pretérito do indicativo (haveria), bem como o futuro do subjuntivo se adéqua ao futuro do presente.


CUIDADOS A SEREM PRESTADOS DURANTE A DISSERTAÇÃO DE UM EMAIL  
I - USO DA VÍRGULA
De todos os sinais de pontuação num texto, a vírgula é o mais importante pois é o sinal que faz seus argumentos serem expressados com clareza. Uma vírgula fora do lugar ou omitida, muda completamente o sentido de uma frase. Veja:
·         ALTERA A QUANTIDADE DE SUJEITOS NUMA FRASE
“José, Maria e o cãozinho Sweetie foram passear.” (duas pessoas e um cão)
“José Maria e o cãozinho Sweetie foram passear.”  (uma pessoa e um cão)

·         PODE INFORMAR PAUSA
“Não, espere.” (pausa)
“Não espere.” (pressa)

·         ALTERA VALORES
“Recebi de salário R$ 988,90”
“Recebi de salário R$  98,89”

·         DENOTA AUTORIDADE
“Aceito, obrigado.”
“Aceito obrigado.”

·         CRIA HERÓIS
“Isso só, ele resolve.”
“Isso, só ele resolve.” (a única pessoa capaz de resolver ISSO é ele)

·         CRIA VILÕES
“Esse, Juiz, é corrupto.” (o advogado aponta para o réu e diz ao juiz que ele é corrupto)
“Esse juiz é corrupto.” (a omissão da vírgula indica que o próprio juiz é corrupto)

·         INDICA SOLUÇÃO
“Vamos perder, nada foi resolvido.”
“Vamos perder nada, foi resolvido.” (o problema já foi solucionado)

·         MUDA UMA OPINIÃO
“Não  queremos saber.” (desinteressado)
“Não, queremos saber.” (interessado)

NOTA:
·        A palavra etc vem sempre precedida de vírgula: “Trouxe nesta pasta as fotos, as cartas, os documentos, etc.”
·       Ao contrário do que muitos pensam, a vírgula não depende da respiração e sim, da estrutura sintática da oração. A pausa que ocorre na fala, nem sempre corresponde à pausa na escrita. "A  secretária da seção de despachos do correio falou que o chefe disse aos grevistas que eles seriam demitidos."
·        A conjunção coordenada aditiva “e quando equivale a “mas, exige anteposição da vírgula: “Ele pensa uma coisa, e diz outra. (e = mas)”
·        Não redija frases com zeugmas (figura de sintaxe que consiste em suprimir um termo já expresso na oração anterior à vírgula). Se você quer ser claro em suas explicações repita a palavra omitida pelo zeugma.
FRASE COM ZEUGMA: “Vocês anseiam pela violência; nós, pela paz.”
FRASE SEM ZEUGMA: “Vocês anseiam pela violência enquanto nós anseiamos pela paz."

II - AMBIGUIDADE
É a duplicidade de sentidos que pode haver em um texto, verbal ou não verbal.
Ocorre geralmente, nos seguintes casos:

a) Má colocação do Adjunto Adverbial
·        “Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.”
As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são frequentemente mais sadias porque recebem leite?
Eliminando a ambiguidade: “Crianças que recebem frequentemente leite materno são mais sadias.” ou “Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias.”

b) Uso Incorreto do Pronome Relativo
·   “Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a cama.”
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes?
Eliminando a ambiguidade: “Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes a qual estava sobre a cama.” ou “Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre a cama.”

Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.

c) Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
·         “Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.”
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
Eliminando a ambiguidade: “Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dela.” ou “Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.”

·         “Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.”
Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?
Eliminando a ambiguidade: “O menino avistou um mendigo que estava sentado na varanda.” ou “O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo.”

A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e assim obter a interpretação correta da mensagem. Quando as idéias são mal organizadas ou quando certas palavras são empregadas inadequadamente, a ambiguidade provoca falhas na comunicação.

Imagine que uma pessoa relate da seguinte forma, por escrito, a violência numa partida de futebol:

“Durante o jogo,Lúcio deu várias caneladas em Guilherme. Depois entrou o Marcelo no jogo e ele levou vários empurrões e pontapés.”

Se o leitor do texto não assistiu ao jogo, ele terá dificuldade para compreender o texto e a intenção comunicativa do narrador, pois o texto é ambíguo. Afinal, quem levou empurrões e pontapés? Marcelo, que entrara no jogo por último? E, no caso, quem o teria agredido? Ou foi Lúcio, que antes agredia Guilherme e, depois da entrada de Marcelo, passou a ser agredido por este?

III - PROLIXIDADE
Característica-se de quem é demasiadamente longo e demorado para explicar algo. Opõe-se ao simplista, que vai direto ao ponto para responder a uma questão.
Exemplo: Você pergunta a uma pessoa de onde veio aquele relógio sobre a mesa. Ela não te responde que o relógio é da Alemanha. Ela conta uma longa história sobre a origem desses modelos de relógios no império austro-húngaro, etc, etc, até revelar, no final, que o relógio é alemão.

A prolixidade é uma forma de tornar as coisas simples de se dizer numa forma mais complicada de se entender. Muito usado por políticos.
Exemplo: Nada na vida de um ser maquiavélico é de fato intrínseco e causal. Quero dizer, toda pessoal maldosa não tem fundamentos. Essa frase apresenta prolixidade.

A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e precisão da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.

IV - PLEONASMO VICIOSO
O pleonasmo vicioso é um vício de linguagem que consiste numa redundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença. Exemplo:
·    "Grande maioria" - ("Maioria" já expressa o sentido de "grandeza", no caso, "grande")
·  "Ele vai ser o protagonista principal da peça". - (Um protagonista é, necessariamente, a personagem principal)
·     "Meninos, entrempara dentro!" - (O verbo "entrar" já exprime ideia de ir para dentro)
·         "Estou subindo para cima." - (O verbo "subir" já exprime idéia de ir para cima)
·         "Tenho certeza absoluta " - (Toda "certeza" é absoluta)

V - SOLECISMO
É uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo:
a) Concordância:
·      "Fazem três anos que não vou ao médico." - (“Faz três anos que não vou ao médico.”)
·         "Aluga-se salas nesse edifício." - (“Alugam-se salas nesse edifício.”)

b) Regência:
·    "Ontem eu assisti um filme de época." - (“Ontem eu assisti a um filme de época.”)

c) Colocação:
·         "Me empresta um lápis, por favor." - (“Empresta-me um lápis, por favor.”)
·         "Eu não respondi-lhe nada do que perguntou." - (“Eu não lhe respondi nada do que perguntou.”)

VI - ATENTE-SE AO USO DE PALAVRAS ADEQUADAS NA REDAÇÃO DO SEU EMAIL PARA NÃO COMPLICAR MAIS AINDA UM PROBLEMA E ATÉ MESMO PARA NÃO DAR MARGENS A PROCESSOS JUDICIAIS POR DANOS MORAIS E DESRESPEITO ÀS LEIS DA  CLT.

a) Substitua a palavra ACUSAR por INSINUAR.
“Você está INSINUANDO que não atendo ligações?”

b) Substitua a palavra MENTIRA por FANTASIA.
“O PAX está fantasiando ao dizer que não viajou porque não foi avisado sobre a necessidade de visto.”

c) Empregue a palavra SUPONHO toda vez que você quiser acusar alguém indiretamente ou envolver alguém num problema.
“Eu SUPONHO que o Departamento Comercial divulgou o telefone.”

d) Substitua a palavra ERRO por FALHA.
“Estamos analisando com o plantonista a FALHA ocorrida.”
Quando você usa a palavra ERRO, você está automaticamente admitindo a culpa e dando margens, inclusive, da empresa ser processada. Por isso, é sábio dizer ao cliente que irá analisar tal FALHA, pois é preciso verificar as condições que fizeram isso acontecer para concluir se houve culpa ou não do atendente.







BIBLIOGRAFIA
GRAMÁTICA REFLEXIVA
William Roberto Cereja e Yhereza Cochar Magalhães
Atual Editora
TEXTO & INTENÇÃO
William Roberto Cereja e Yhereza Cochar Magalhães
Atual Editora

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