Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

FALÊNCIA DA MARSANS

Com dívidas de R$ 57 milhões e em recuperação judicial desde 12JUN2014, a agência de turismo Marsans Brasil fechou em 4 de julho as 22 lojas que mantinha no Rio e em São Paulo, causando prejuízos a 4.500 pessoas. A operadora corre o risco de ter a falência decretada pela justiça por não ter entregado o plano de recuperação judicial no dia 8AUG2014.



De acordo com Gustavo Licks, administrador judicial da operadora, os bilhetes aéreos já vendidos foram, em sua maioria, honrados. Já a parte terrestre dos pacotes turísticos (traslado, passeios e hotéis) não foi efetivada. Quem já pagou por esses serviços entrou na lista de credores e receberá um comunicado. Já os funcionários da operadora não recebem há dois meses e muitos deixaram a Marsans. Segundo uma fonte da operadora, a empresa ficou sem representação hierárquica em um cargo ou setor.

A Marsans Brasil atuava no país desde 1973. Era um braço da operadora espanhola de mesmo nome, mas mudou de mãos há alguns anos, tornando-se independente da matriz espanhola que fechou as portas na Europa em 2010. No Brasil, a Marsans era gerida pela holding Garcia Aranha RJ Participações, controlada pela GFD Investimentos, que tinha entre outros investidores, o doleiro Alberto Youssef, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

De acordo com o Ministério Público Federal do Paraná, responsável pela denúncia que resultou na Operação Lava Jato, Youssef usava a operadora de turismo para captar recursos junto a fundos de pensão estaduais e municipais. A princípio, trata-se de operação lícita, já que o doleiro dava como garantia para a emissão dos títulos da dívida da empresa participações que tinha em hotéis. No entanto, os procuradores questionam se esses títulos seriam honrados. Suspeita-se ainda que os gestores dos fundos de pensão recebiam propina para aderir à transação.

Antes da agência ficar sem credibilidade perante companhias aéreas e hotéis, a Marsans chegou a captar, entre 2012 e 2013, cerca de 23 milhões de reais de fundos de previdência dedicados ao pagamento de pensões de servidores aposentados, como mostrou reportagem do site de VEJA. Só o Instituto de Gestão Previdenciária do estado do Tocantins aplicou 12 milhões de reais na empreitada. Também se tornaram investidores na empresa do doleiro os fundos municipais de previdência de Cuiabá (MT), que desembolsou 3,4 milhões de reais; e Paranaguá (PR), que gastou 2 milhões de reais. No Nordeste, o fundo de Amontada (CE) gastou cerca de 1,6 milhão de reais e o de Petrolina (PE) desembolsou 980.000 reais. Hortolândia e Holambra, duas cidades do interior paulista, aplicaram respectivamente 1,5 milhão de reais e 980.000 reais para virar sócias de Youssef.

Os gastos públicos foram feitos para comprar cotas do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Viaja Brasil, um produto criado pelo Banco Máxima com o propósito de impulsionar o crescimento do grupo Marsans Brasil. Este fundo, teoricamente, aplicou os recursos dos fundos de previdência na compra de cotas da Graça Aranha RJ Participações.
Mas o fracasso empresarial da Marsans, apesar da milionária injeção de recursos, deixou executivos do setor de turismo intrigados, porque não contrasta com o bom momento vivenciado por operadoras de turismo.
Durante as investigações da operação Lava-Jato, a polícia descobriu que Youssef controlava a empresa com o auxílio de laranjas. De acordo com documentos da Junta Comercial do Rio, a sócia-administradora da Marsans é a GFD Investimentos. Esta firma era controlada pelo Devonshire Global Fund, organização bancária baseada na Ásia. Mas, depois da prisão de Youssef em 17 de março, o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende o doleiro, jamais escondeu que ele fosse dono da Marsans, inclusive, o doleiro era apresentado para os funcionários da empresa como o dono.


CONSIDERAÇÕES DE DOUGLAS WIRES SOBRE FALÊNCIA DE AGÊNCIA DE VIAGENS
Quando perceber esses sinais, é porque está na hora de abandonar o barco para não afundar com ele:

1 – Falência da Matriz é sinal de falência das filiais, porque numa corporação, quando uma filial dá prejuízo ou não tem lucro, é comum a Matriz ejetar dinheiro para alavanca-la. Logo, é possível que uma filial faça o mesmo com a Matriz para que a mesma não venha a falir. Administrativamente falando: é mais prudente fechar uma filial ou matriz localizada num ponto de venda onde não está tendo lucro do que insistir em manter suas operações.

2 – A mudança de comando numa empresa pode ser sinal de que algo de errado possa está acontecendo. Em 27AGO2012, o site PANROTAS anunciou a saída do diretor da MARSANS JAIME ABRAÇOS, que ficou no comando da empresa por 23 anos. A sua saída marcou a mudança de comando da empresa para a holding Garcia Aranha RJ Participações, controlada pela GFD Investimentos. Depois disso, só foi necessário 2 anos para falência da MARSANS.

3 – Já trabalhei em algumas agências de viagens onde o mercado de câmbio é mais importante do que a venda de serviços de viagens. Por isso, ler uma reportagem onde a Polícia Federal aponta nas investigações um doleiro como dono de uma operadora  é de certo modo apavorante pois o emprego dos funcionários e suas carreiras ficam em risco. Algo um pouco parecido quando o dono de uma empresa morre e os filhos, que não entendem nada do negócio, assumem o comando para levar a empresa pro buraco.

4 – Não crie expectativas de que uma recuperação judicial salvará uma empresa do turismo. Se nem a VARIG conseguiu isso, muito menos uma agência de viagens. No máximo, a recuperação judicial só prolonga por alguns meses a atividade de uma empresa, suspendendo o pagamento de dívidas, autorizando descontos das mesmas ou a liquidação dos bens para pagamento dos credores.  E cá pra nós... Agências de viagens são prestadoras de serviços. O único bem que possuem são móveis e computadores que somados não dá nem para pagar os salários atrasados dos seus funcionários.


FONTES:
  1. http://oglobo.globo.com/economia/falencia-da-operadora-de-turismo-marsans-deve-sair-em-breve-13632924#ixzz3AeVboeoG
  2. http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/operadora-de-turismo-marsans-fecha-lojas-deixa-clientes-na-mao-13128443#ixzz3AecYkP7M
  3. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/justica-autoriza-recuperacao-judicial-da-marsans-brasil-empresa-do-doleiro-alberto-youssef
  4. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/alberto-youssef-recorreu-a-shopping-de-cnpj
  5. http://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/operadoras/jaime-abra%C3%A7os-deixa-marsans-depois-de-23-anos_80951.html
  6. http://oglobo.globo.com/economia/negocios/justica-do-rio-decreta-falencia-da-marsans-13981858

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