Douglas Wires nasceu em 1971, é casado e mora atualmente no Rio de Janeiro, atuando no mercado de turismo desde 1995. Fluente em inglês, é emissor Amadeus e Sabre de passagens aéreas nacionais e internacionais. Trabalhou em empresas como: VARIG, OCEANAIR e CARLSON WAGONLIT, adquirindo sólidos conhecimentos e experiência em cálculos de tarifas aéreas, supervisão de reservas e negociação de serviços de viagens.

DUAS REGRAS BÁSICAS PARA EMPREENDEDORISMO NO TURISMO

Baseado na experiência pessoal de DOUGLAS WIRES ao longo de vários emails recebidos do seu blog de pessoas interessadas em empreender no turismo, essas duas regras também se aplicam para qualquer área de mercado.


1 – O EMPREENDEDOR SE PÔR NO LUGAR DO EMPREGADOR PARA AVALIAR COMO EMPREGADOR PENSARIA SE OUVISSE DE UM EMPREENDEDOR TAL IDÉIA DE NEGÓCIO

2 – CONSULTORIA

Vamos analisar esses tópicos com dois exemplos.

EXEMPLO I –  PONHA-SE NO LUGAR DO EMPREGADOR PARA AVALIAR SE SUA IDÉIA É VIÁVEL

Suponhamos que você é agente de viagem e está cansado dessa relação empresa-empregado, e de sempre ser demitido quando seu salário de agente de viagem chegou ao topo e a agência como não tem condição de te promover, te demite por causa dos encargos tributários.

Então, você tem a idéia de terceirizar sua mão de obra de emissor de passagens, se cadastrando no MEI, como Micro empreendedor, para prestar serviços a uma agência de viagem que ao invés de te contratar no regime da CLT, te contrataria como PESSOA JURÍDICA (PJ), onde seu salário seria uma fatura emitida por você pela prestação dos seus serviços a serem pagos pela agência que terceirizou esse serviço.

Seu principal argumento na prospecção desse negócio seria a redução dos encargos trabalhistas para a agência que te contratasse como PJ. Porém, antes de dar início a esse plano mirabolante, você precisaria pensar como um empregador. Se você tivesse no lugar do dono da agência e alguém viesse até você com essa oferta de prestação de serviço você aceitaria?

Minha resposta: Não, porque agência de viagem é como se fosse um ”banco”. Eu como dono, não me sentiria seguro dando acesso a uma cooperativa ou a alguém que trabalhe como PJ para atender meus clientes, tendo acesso aos dados de cartão de crédito deles e ainda usando as minhas instalações.  Sem falar no risco desse prestador “roubar” meus clientes!

EXEMPLO II – SE NÃO TEM EXPERIÊNCIA NO MERCADO QUE DESEJE ATUAR, PAGUE POR UMA CONSULTORIA DE ALGUÉM QUE ATUE NESSE MERCADO, ANTES DE PERDER TEMPO E DINHEIRO DESENVOLVENDO SUA IDÉIA

No começo de 2017, prestei uma consultoria via SKYPE a um empreendedor de SÃO PAULO que tinha a seguinte idéia cuja qual ele me disse que não existia no mercado. Ele estava desenvolvendo  um site que agrupava pessoas que não se conheciam mas que estariam viajando para um mesmo destino, e com isso, pudessem  conseguir passagens muito mais baratas do que as ofertadas nos sites das cias aéreas. Ele me perguntou se a idéia “revolucionária” daria certo, pois na sua concepção se tratava de viagem de grupo.

Minha resposta: Não, porque quando você trabalha com viagem de grupo, você precisa de no mínimo 10 pessoas para fazer o bloqueio dos assentos numa aeronave. E se somente 2 ou 4 acessassem seu site para conseguir a cotação de tal passagem... Como você explicaria a elas que a tal tarifa com desconto só seria informada após o site alcançar 10 pessoas interessadas para o mesmo destino e para as mesmas datas? E esse não é o único problema: mesmo que você consiga as 10 pessoas, se uma desistir da viagem, o grupo é desfeito, e a cia aérea irá cancelar o desconto aplicado para a viagem de grupo. Outra complicação para a implantação dessa idéia, é que uma cotação de viagem de grupo leva até 48h para ser respondida pela cia aérea, e qualquer viajante em sã consciência, com medo de perder a promoção no site da cia aérea, não vai esperar por um tempo deste. Além do mais, dependendo da cia aérea, a agência precisa fazer antecipadamente um depósito não-reembolsável para garantir o bloqueio dos assentos.


CONCLUSÃO: O fato do negócio que você deseja implantar não existir no mercado, não significa que ninguém teve ainda essa sua idéia, e sim, porque outros que a tiveram, perceberam que ela é inviável por não se adequar ao modelo de operação do mercado.

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