Como se não bastasse a preocupação de vender uma passagem para um cliente e não receber dele um calote, o empreendedor ainda tem que se atentar quanto a outros riscos que rondam uma agência de viagens. Esses riscos só ocorrem quando a agência emite seus próprios bilhetes aéreos e faz alguma reserva de segmento terrestre por conta própria, sem recorrer a ajuda de uma operadora.
RISCO 1 - NOSHOW
É quando o viajante não comparece para retirar o carro ou quando não se hospeda no hotel. Quando isso acontece, a locadora do carro ou a rede hoteleira emitem uma nota de débito cobrando pelo serviço. Se o erro foi da agência, porque fez a reserva na data errada, então será a agência quem deverá pagar pela hospedagem ou locação do carro. Nesse caso, o valor do NOSHOW será o valor de uma diária ou aluguel do carro. Mas se o erro foi do próprio viajante que informou a data errada ou não compareceu para utilizar o serviço, então a agência terá respaldo para cobrar esse prejuízo do próprio viajante.
RISCO 2 - ADM
Esse é o maior risco de prejuízo numa agência de viagens e também o mais frequente. Cada cia aérea tem uma política e valor a ser cobrado. Nesse post, consta a política completa de cobrança de ADM da American Airlines. Muitos empreendedores sonham em ter seu próprio GDS achando que poderão emitir passagens a vontade e sem critério, mas ao receber o contrato de comissionamento da cia aérea, em anexo, recebem os termos de responsabilidade de reserva e emissão, cujo qual a agência se compromete em pagar a cia aérea por ter violado tais restrições e regras.
O valor de um ADM pode variar desde a uma taxa fixa ao valor de um novo bilhete. E acredite, eu já paguei um ADM da LAN CHILE no valor de R$ 1800 por ter reemitido um bilhete após a data original do vôo! De acordo com a regra tarifária da LAN CHILE, essa reemissão deveria ser no mesmo dia da viagem, e não após. Se eu tivesse prestado mais atenção, eu teria falado para o passageiro que ele perdeu o bilhete e que precisaria comprar outro.
Para se protegerem desses riscos, o que as agências fazem é inserir no contrato de trabalho do funcionário o famigerado artigo 462 da CLT que permite ao empregador descontar do funcionário o prejuízo financeiro por qualquer dano causado por empregado ao cliente ou a própria empresa.
Clique nesse link para ver o formato padrão de um ADM: https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx0b3VyaG91c2VyaW98Z3g6M2I0MDhjNGE0ZmU0MGRmZg
ADM significa Administrative Debit Memo. Trata-se de uma nota de débito emitida pelas cias aéreas para cobrar taxas administrativas às agências de viagens que fizeram reservas de vôos de forma irregular ou emitiram passagens aéreas em desacordo à política do contrato e da regra tarifária do bilhete.
A emissão da cobrança de uma
ADM, pela cia aérea, pode levar até 13 meses a contar da data da
venda ou até 09 meses a contar da data de vôo do último segmento
do bilhete (o que for maior). Quando uma agência de viagens recebe
uma ADM de uma cia aérea, ela precisa pagá-lo para continuar a ter
acesso ao contrato de emissão com a cia aérea.
No caso de discordância da
cobrança, essa disputa pode levar no máximo 9 meses a contar da
data de emissão da ADM. Na maioria dos casos, quem paga as ADMs é o
próprio agente de viagens que fez a reserva ou emitiu a passagem
aérea. A agência só paga uma ADM quando o agente de viagens não
faz mais parte do seu quadro funcional ou quando o seu funcionário não concorda em ser descontado pela empresa. E nem adianta pensar em
desconto: ADMs não são comissionáveis!
As
ADMs disputáveis ficam disponíveis no site do BSP
LINK
(https://www.bsplink.iata.org/bsplink14/default.asp) para
visualização, análise e disputa das agências por 14 dias e são
processadas no fim do período correspondente ao último dia da
disputa. Somente são aceitas as disputas efetuadas pelo próprio
site do BSP LINK, desde que seja especificado, detalhadamente, o
motivo com os devidos documentos de suporte. Se por acaso as ADMs
não forem contestadas durante o período de notificação do BSP
LINK, elas não poderão ser disputadas no site da IATA.
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